Edição 218 - Brasília, 12 de agosto a 09 de setembro de 2018

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Viagem

Abajo y arriba
Frio e calor em terras colombianas

Por A.C. Ferreira

Foto: A. C. Ferreira

Villa de Leyva, vila colonial que lembra Ouro Preto

Dez anos depois de ter visitado Bogotá, Zipaquirá e Cartagena de Índias, eis que surge a oportunidade de voltar à Colômbia, em 2018, agora com voo saindo de Salvador direto a Bogotá.

Chegando na capital colombiana o atendimento da imigração no desembarque internacional estava distribuído em três filas: uma para colombianos em viagem de retorno, uma para cidadãos de países do Mercosul e Comunidade Andina e a terceira para cidadãos do resto do mundo. Eu estava na segunda, a que não tinha colombianos nem “resto do mundo”, mas parecia ter o mundo todo. Depois de 90 minutos consegui sair e pegar um Uber para o terminal de ônibus que me levaria a Tunja, capital do Departamento de Boyacá vizinho ao Departamento de Cundinamarca onde fica a capital. A passagem custou 22 mil pesos colombianos! Calma, isto representa menos de R$ 30,00, susto é saber que a viagem de 140 km dura três horas!

Tunja é uma cidade histórica (1541) com cerca de 200 mil habitantes, com muitas ladeiras, casarões antigos e uma praça principal em homenagem ao libertador Simon Bolívar, como é de costume em muitas cidades da Colômbia e da Venezuela. É uma cidade aprazível, apesar do frio de 9 graus que fazia, muito abaixo do que eu estou acostumado. Meu objetivo principal, na região central do país, era conhecer a Villa de Leyva, mas como havia lido que o acesso desde Bogotá não era direto, planejei ir para Tunja e matar dois coelhos com uma só cajadada.

Foto: A.C. Ferreira

Tunja, cidade histórica

No segundo dia, peguei uma van que fazia o trajeto de 38 km e cheguei lá na pequena vila colonial (1572). Leyva me lembrou Ouro Preto, guardadas as diferenças de idioma e de arquitetura, espanhola em vez de portuguesa. A Plaza Maior, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a Igreja do Carmo, as ruas de calçamento em pedra, o casario, todo um patrimônio preservado, alguns servindo como hotéis, lojas e restaurantes para receber os inúmeros turistas que ali estavam. O sol se abriu e passei um domingo muito agradável lá, na segunda-feira sai de Tunja e me despedi do clima frio da região central andina, voltando a Bogotá, de onde partiu meu voo rumo norte com destino a Barranquilla, capital do Departamento Atlântico.

Após noventa minutos de vôo desembarquei na “terra de Shakira”, na região do caribe colombiano. Atravessei a cidade a caminho de Santa Marta, capital do Departamento de Magdalena. São 100 km de um curioso trajeto, pantanal à direita, mar caribenho à esquerda e no meio a Ruta 90 que, segundo dizem, foi construída em aterro. Santa Marta também é do século XVI (1525) e no centro vale passear pelas praças Parque Simon Bolívar, Parque de los Novios e, à noite, no trajeto entre uma e outra escolher um dos bares e restaurantes da Carrera 3.

De dia, a cidade fervilha literalmente, pense num lugar quente! 39 graus de sol abrasador! E fervilha de carros, bicicletas e motos na pista, mais ainda de transeuntes, ambulantes e passageiros na parada de ônibus, todos dividindo a mesma estreita calçada, especialmente na rua chamada Carrera 5. Aí foi onde embarquei numa buseta (micro-ônibus) para chegar em Taganga, uma bucólica vila de pescadores de onde os barcos fazem travessia até a Playa Grande, um dos bons passeios da região.

Foto: A. C. Ferreira

Taganga, vila de pescadores em Santa Marta

Santa Marta é bem maior que Tunja e Leyva, uns 450 mil habitantes. E é o ponto de partida para várias atrações no seu entorno: a Quinta de San Pedro Alejandrino, o Parque Tayrona, Bocas de Buritaca e a reserva indígena Nabusimake. Estes são locais que distam até 70km do centro da cidade. E, por falar em centro, descobri que não foi uma boa ideia me hospedar lá, pois, diferente de Tunja e Leyva, em Santa Marta a sensação em algumas ruas do centro é de insegurança. Uma boa dica é ficar nos hotéis de Rodadero, uma bela praia de areias bem brancas, a uns 7km do centro histórico. Lá há diversos hotéis, barracas na praia, restaurantes e muitas lojinhas de lembranças. Lojas onde estive quando lembrei que sete dias depois de ter subido e descido pela geografia e pelas temperaturas da Colômbia, era hora de pegar o voo de volta para casa.

 

A.C. Ferreira é administrador, mestre em relações internacionais, fotógrafo amador e globe-trotter