Edição 215 - Brasília, 04 de fevereiro a 04 de março de 2018
Poesia
Por Ronaldson
Eu adorava o Mundo Animal na tv
Leões, tigres, crocodilos, gnus
e zebras permeavam a vista
perto da hora do almoço.
A zebra, quanto encanto vê-la,
quanto alvoroço:
zebral, zebrinha, zebrum!
Estourava a zebra em manada
- o close:
a zebrinha cambaleante, não desmamada
ora sol ora chuva,
que água lavará sua tinta?
Zebral, zebram, zebrum!
a Zebra, degustar seu código de barras
(quando barras nem existiam)
sua numérica antibicho, virtual antisselva
ainda não decifrada para o código futuro:
zebrinha de pelúcia, no shopping, na vitrine
zebrinha nas coleções de figurinha
zebrinha da loteria do Fantástico!
Zebral, zebrina, zebrum!
Seu smoking de presidiário
tão livre no descampado
sob o sol incendiário.
Sua malha é preto no branco
Zoo,
Zebram,
Zebrum,
Suas listras a galope
ficavam coloridas na imaginação:
ora vascaína, ora flamenguista.
A zebra era um cavalo de pijama
em pleno sol das savanas
ou
jegue branco sob sombra de bambuzal.
Zebral, zebram, zebrum!
Quão belo quadrúpede,
descobri em sua hering sua defesa
contraste que atrapalha o
predador da presa. Era todo um som
uma manada inteira, ZE-BRAM!:
zebrando...
zebrando...
Aquele programa era compromisso sagrado:
aprender com o viver dos bichos
tudo maravilhoso no Mundo Animal!
Onde pastará aquela zebrinha
perdida nesta tv antiga
dos entulhos do quintal?
Ronaldson é poeta, escritor e artista plástico, autor dos livros Questão de íris (1997) e Litorâneos (2009), do qual foi retirado o poema acima.