Edição 206 - Brasília, 19 de junho a 17 de julho de 2016

Youtube Twitter

Cultura

Memórias de um revolucionário
O museu de Trotsky no México

Por Nícia Ribas

Foto: Nícia Ribas

Interior do Museu Trotsky na Cidade do México

Depois de devorar a obra do cubano Leonardo Paduro, O Homem que Amava os Cachorros, que conta a história do assassinato do líder soviético Leon Trotsky, fica ainda mais emocionante visitar o Museo Trotsky, na Cidade do México. Modesto, mantido sem verbas governamentais, apenas com doações enviadas por comunistas do mundo inteiro, ali o cenário do livro é imediatamente reconhecido.

Naquela casa coberta de hera e com reforços de proteção nas portas e janelas, viveram Leon e sua mulher Natália em seu exílio mexicano até o dia 20 de agosto de 1940, quando ele foi assassinado pelo espanhol Ramón Mercader, a mando de Joseph Stálin. A morada foi mantida exatamente como estava no dia do assassinato, inclusive com seus escritos recentes sobre a mesa do escritório, onde foi abatido pelas costas. Os quartos do casal e do neto Sieva, que morou lá com eles, estão com as camas feitas, como se ainda lá estivessem.

No quintal da casa, foram mantidas as gaiolas dos coelhos que Trotsky criava, como hobby e também para ajudar na sobrevivência da família. Naquele jardim, anos depois, foi construída uma tumba decorada com os símbolos do comunismo, onde estão os corpos dele e de Natália.

Na casa ao lado, no bairro de Coyoacán, vive seu neto Sieva, hoje com 88 anos, que recebeu várias visitas de Paduro, para esclarecer detalhes da história. Graças a Sieva, que se casou e sempre viveu no País, hoje Trotsky tem sete descendentes mexicanos.

Antes de se mudar para esta casa, Trotsky morou com Frida Khalo e Diego Rivera, no mesmo bairro. Diferentemente do Museo Trotsky, a Casa Azul é bem conservada graças ao apoio do governo mexicano. A densa obra de Frida é visitada por turistas do mundo inteiro, que ficam embasbacados com a força e a beleza do seu trabalho. Não muito longe dali, fica o atelier de Diego Rivera. Vale uma visita ao México só para ver tanta arte e tanta história.

 

Nícia Ribas é jornalista. Texto originalmente publicado na Revista Plurale. Edição, título e subtítulo/BN.