Edição 201 - Aracaju, 13 de setembro a 11 de outubro de 2015
Poesia
Por Alves de Aquino
À palavra devemos depená-la
sem pena
desnudá-la sem temor
de que seja ferida em pleno amor-
próprio
devemos logo manietá-la
Antes que nos escape escalpelá-la
desprovi-la do pelo cobertor-
da-pele e até de sua alguma cor
liberá-la de si
despudorá-la
À
palavra devemos depravá-la
conduzi-la a exibir-se sem rubor
orientá-la para a posse o cor-
po aberto ao estertor do falo-fala
À palavra é um dever desvirginá-la
emprenhá-la e amar seu fruto:
qual for
Alves de Aquino nasceu em 1974, em Mucambo, Ceará. Publicou, em 2008, o Memorial Bárbara de Alencar & outros poemas, antologia do Segundo Movimento do Concerto N. Inico em Mim para Palavra e Orquestra, cujo Primeiro Movimento foi publicado em 2010. O poema acima foi extraído de seu livro Miravilha – Liriai o campo dos olhos, de 2015.